Um grupo
de mulheres protagonizou seu desenvolvimento através da geração de renda.
Inseridas na economia solidária, elas têm em comum, a história de lutas pela
conquista de direitos sociais, tais como moradia e trabalho, senso assim
representativo de um cenário comum em muitas vilas urbanas, através da
Cooperax, fundada em 1996 localizada em uma vila, próxima ao centro da cidade, confeccionando,
sob encomenda, camisetas, jalecos, abrigos, entre outros produtos.
As
2.000 famílias que moram no local, em torno de 5.000 pessoas contam com uma infraestrutura
como asfalto e saneamento básico. Isso graças a sua participação nas reuniões
do Orçamento Participativo (OP), forma de participação/decisão na qual a
população elege as prioridades para investimentos públicos, juntamente com a
prefeitura.
Foi planejado
ações para geração de renda e trabalho na localidade, mas foram três mulheres
que iniciaram a atividade de costura de roupas. Primeiramente, elas buscaram
alternativas de clientes como hospitais e postos de saúde da capital gaúcha,
onde poderiam confeccionar uniformes, roupa de cama, etc. Mas nada deu muito
certo. Deram-se conta que precisavam se organizar para atender as demandas em
escala e com a qualidade exigida. Fizeram reuniões para constituir uma
cooperativa de produção. A primeira entrega foi para o sindicato dos
metalúrgicos – 500 camisetas.
No início
trabalhavam em suas casas, e em 2005, mudou-se para uma sede própria adquirida
com o apoio de uma ONG Espanhola, onde estão até hoje. Com a constituição da
cooperativa, as mulheres tiveram a oportunidade de participar economicamente da
sociedade, contribuindo para a renda familiar. Fazer parte de uma empresa como
dono e não somente na relação patrão/empregado, quebra a lógica capitalista,
onde poucos ganham muito, e muitos ganham pouco. Na cooperativa, todos têm a
oportunidade de participar das decisões e comungar dos resultados. Num conceito
amplo de terceiro setor todas as entidades privadas sem fins lucrativos fazem
parte dele, então todas as cooperativas por serem sem fins lucrativos, conclui-se
que as cooperativas sociais também são.
É uma
democracia, com diálogo, com a participação em algo que é coletivo e ao mesmo
tempo individual, já que cada um tem de dar sua contribuição (na forma de
trabalho) para o sucesso do coletivo (no caso, a geração de renda através da
cooperativa). Essa é a prática da economia solidária, que foi inventada por
operários, nos primórdios do capitalismo industrial, como resposta à pobreza e
ao desemprego resultante da difusão “desregulamentada” das máquinas ferramenta
e do motor a vapor, no início do século XIX.
O
capital da empresa solidária é possuído por aqueles que nela trabalham, e
apenas por eles. Trabalho e capital estão fundidos porque todos os que
trabalham são proprietários da empresa e não há proprietários que não trabalhem
nela. E a propriedade da empresa é dividida por igual entre todos os
trabalhadores, para que todos tenham o mesmo poder de decisão sobre ela.A
economia social é composta de organizações que tenham como características:
serem sempre cooperativas, sociedades de mutuários ou outras formas de
associação profissional; como princípios: uma gestão baseada em processos
democráticos de organização e a colocação do serviço à coletividade acima da
busca do lucro. As pessoas e o trabalho estão acima do capital.
Inseridas
na economia solidária realizam o sonho da geração de renda através da
cooperativa, empreendimento coletivo, do qual elas são donas. Agora estão longe
da realidade em que viviam antes, quando algumas sequer tinham renda.
Agora
as cooperadas têm uma renda equivalente de R$500,00 a R$1.000,00 mensais
dependendo do mês. A maior parte delas não possuía renda e as que tinham,
ganhavam até menos do que hoje; como elas tem somente o
ensino fundamental dificultava muito conseguirem empregos que tivessem uma
remuneração maior.
A
cooperativa trabalha com uma equipe de 24 mulheres e 1 homem, que trabalha na serigrafia,
sendo que a idade das associadas varia de 24 a 63 anos.
O
foco geográfico era buscar oportunidade de desenvolvimento para o grupo sem
mudar seus limites, ou seja, tornar o sonho realidade sem mexer nos limites da comunidade.
A vila tinha suas crenças, valores e ideais para fazer crescer seu negócio,
porém estavam um pouco distantes devido à falta de “administração” da cooperativa.
Elas acreditavam que somente se revezando em algumas atividades e tendo
clientes era suficiente, mas não sabiam o quanto era importante à inclusão
digital, pois tudo ficava a cargo da presidente (única que sabia usar um
computador) na cooperativa e quando esta não estava o serviço que necessitava
de saber usar um computador, ficava parado e também não dava muito espaço pra
presidente fazer sua parte na cooperativa, o trabalho braçal. Não sabiam fazer
realmente nada nem um simples cadastro dos clientes, algumas não sabiam nem
mesmo ligar ou desligar o computador.
Foi então
que os gestores entraram e começaram a orientar as cooperadas com reuniões e
cursos que as qualificavam para serem incluídas na “era digital”, podendo assim
obter um resultado muito bom de seu projeto.
A
iniciativa de se engajar nesse projeto do gestor social foi um grande passo
para o desenvolvimento da vila e que se estendeu até as suas famílias. Mulheres
sem formação, cursos e conhecimento buscaram alternativas para mudar sua
realidade e a da sua comunidade.
Foi
perfeita ideia e a inclusão dessas mulheres num mundo que não tem como, na
atual conjectura, ficar fora do mundo cibernético. Os gestores foram muito
pertinentes nesse projeto.
É
relevante que os administradores contemporâneos estejam atentos a essa
“exclusão” da sociedade em alguns aspectos, pois o mundo tem se tornado cada
vez mais globalizado e tem sido necessário qualificar e especializar.
Infelizmente
o nosso governo não tem sido capaz que dar aos cidadãos igualdade de educação e
de perspectiva, fazendo com que, para se ter uma realidade diferente da vivida,
tenhamos que buscar alternativas com nosso esforço ou esperar que alguém
(gestores sociais, ONGs, entre outros) veja esse gap e consiga através de ações sociais, transformar tudo em nossa
volta e nos dando uma expectativa de vida melhor.