Peter Ferdinand Drucker,
falecido aos 95 anos, foi um homem de sete ofícios: economista, analista
financeiro, jornalista, conferencista, consultor, autor e professor. Em todas
estas profissões, viveu sempre de modo simples, sem secretária, batendo as
próprias cartas numa máquina de escrever.
Inventou
a Gestão como disciplina e definiu as funções do gestor moderno. Foi um dos
raros pensadores que se pode gabar de ter mudado o mundo com as suas ideias ao
inventar conceitos como as (re)privatizações, a gestão por objetivos ou a descentralização
nas empresas.
O
maior legado de Drucker está, porém, na sua capacidade de interpretar o
presente e de perceber as suas implicações para o futuro. Drucker tinha a
capacidade de vislumbrar as tendências que irão produzir mudanças na sociedade,
na economia e nas empresas.
Numa
entrevista “O que diz o grande mestre”, aos 94 anos Drucker analisa o fim do
domínio econômico dos Estados Unidos, em consequência de escândalos nas
corporações, atentados terroristas e uniões econômicas regionais. É o começo de
uma grande mudança na economia global, com transferência de renda do Ocidente
para o Oriente e enfraquecimento do dólar.
Os
blocos regionais é que darão as cartas, nem o NAFTA, os Estados Unidos comandam
como antes, pois o México e o Canadá se fortaleceram muito. Empresas americanas
estão migrando para o México e as empresas mexicanas estão se instalando no Sul
dos Estados Unidos. Já os canandenses têm uma parcela maior de companhias
norte-americanas e as dirige. Outro exemplo é o Bank de Montreal que é a
principal potência bancária de Chicago.
Drucker
vê a economia mundial com sinais de perigo, por causa do déficit do governo
norte-americano que não para de aumentar, ainda mais que esse déficit esta
sendo coberto por estrangeiros (japoneses). Outro perigo são as empresas se
expandindo recorrendo a empréstimos de curto prazo para financiar os
empréstimos de longo prazo. Isso é um perigo real de liquidez.
Já o
emprego é visto de maneira positiva, pois os EUA absorveram as mulheres na
força do trabalho sem qualquer problema, ao contrário da Europa,se adaptando a
nova realidade da mulher, que trabalha e é mãe.
O
futuro econômico dos países China e Índia: a China tem uma força de trabalho
bem treinada e disciplinada, produtiva, com muitos gerentes médios; a Índia
possui trabalhadores com imenso conhecimento por causa do sistema de educação
superior em informática na cidade Bangalore. A Índia poderá ser a estrela dos
próximos anos, à medida a informação se tornar o setor de maior crescimento.
A China
empolga com duas economias, os 400 milhões de habitantes no litoral, que
constituem um país desenvolvido, e o restante. Mas também dois problemas que é:
como liquidar ou recuperar as empresas estatais ineficientes e os desafios sociais.
As
prováveis potências econômicas do mundo daqui a 50 anos são Índia, China,
Brasil e Rússia.
A
Rússia é um país subdesenvolvido, um enigma, imprevisível. Porque o
planejamento se tornou ineficaz economicamente. A Rússia pode tanto tornar-se
um dínamo econômico como vir a ser uma região assolada por rivalidades e
políticas tribais, nacionais e individuais.
No
Brasil ocorrem dois fenômenos: o desenvolvimento, que ainda está em processo,
de um mercado nacional unificado e com administração de qualidade internacional
nas empresas brasileiras.
Alunos
brasileiros excepcionais são formados desde a década de 1950 nos EUA. Há 30
anos esses alunos iam trabalhar ou tentavam arranjar emprego nas filiais
brasileiras das multinacionais. De dez anos para cá eles voltam para trabalhar
em companhias familiares, agora cada vez
mais bem administradas profissionalmente. E as empresas
brasileiras estão começando a voltar-se para fora. O Brasil conseguiu
desenvolver grupos de liderança executiva.
Drucker
crê que a remuneração dos executivos é mesmo algo bastante complexo. O alto
executivo pode ter participação acionária na empresa ou aumento de acordo com o
faturamento, por isso não existe uma fórmula para remuneração.
Quando
falamos em administrar é importante a empresa atender três mercados: seus bens
e serviços, seus postos de trabalho e do seu dinheiro, dos capitais.
Um
administrador fracassa se seu antecessor fracassar. As decisões administrativas
importantes levam certo tempo até dar fruto.
Uma
boa administração começa com: "O que precisa ser feito?".
Uma
administração competente acontece quando há acordo entre os executivos e também
não sobrecarregando seus subordinados.
Saber qual será o negócio é especialmente difícil, pois o
mais importante deveria ser o desenvolvimento e treinamento de pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário