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domingo, 15 de julho de 2012

RESENHA “O QUE DIZ O GRANDE MESTRE”



Peter Ferdinand Drucker, falecido aos 95 anos, foi um homem de sete ofícios: economista, analista financeiro, jornalista, conferencista, consultor, autor e professor. Em todas estas profissões, viveu sempre de modo simples, sem secretária, batendo as próprias cartas numa máquina de escrever.
Inventou a Gestão como disciplina e definiu as funções do gestor moderno. Foi um dos raros pensadores que se pode gabar de ter mudado o mundo com as suas ideias ao inventar conceitos como as (re)privatizações, a gestão por objetivos ou a descentralização nas empresas.
O maior legado de Drucker está, porém, na sua capacidade de interpretar o presente e de perceber as suas implicações para o futuro. Drucker tinha a capacidade de vislumbrar as tendências que irão produzir mudanças na sociedade, na economia e nas empresas.
Numa entrevista “O que diz o grande mestre”, aos 94 anos Drucker analisa o fim do domínio econômico dos Estados Unidos, em consequência de escândalos nas corporações, atentados terroristas e uniões econômicas regionais. É o começo de uma grande mudança na economia global, com transferência de renda do Ocidente para o Oriente e enfraquecimento do dólar.
Os blocos regionais é que darão as cartas, nem o NAFTA, os Estados Unidos comandam como antes, pois o México e o Canadá se fortaleceram muito. Empresas americanas estão migrando para o México e as empresas mexicanas estão se instalando no Sul dos Estados Unidos. Já os canandenses têm uma parcela maior de companhias norte-americanas e as dirige. Outro exemplo é o Bank de Montreal que é a principal potência bancária de Chicago.
Drucker vê a economia mundial com sinais de perigo, por causa do déficit do governo norte-americano que não para de aumentar, ainda mais que esse déficit esta sendo coberto por estrangeiros (japoneses). Outro perigo são as empresas se expandindo recorrendo a empréstimos de curto prazo para financiar os empréstimos de longo prazo. Isso é um perigo real de liquidez.
Já o emprego é visto de maneira positiva, pois os EUA absorveram as mulheres na força do trabalho sem qualquer problema, ao contrário da Europa,se adaptando a nova realidade da mulher, que trabalha e é mãe.
O futuro econômico dos países China e Índia: a China tem uma força de trabalho bem treinada e disciplinada, produtiva, com muitos gerentes médios; a Índia possui trabalhadores com imenso conhecimento por causa do sistema de educação superior em informática na cidade Bangalore. A Índia poderá ser a estrela dos próximos anos, à medida a informação se tornar o setor de maior crescimento.
A China empolga com duas economias, os 400 milhões de habitantes no litoral, que constituem um país desenvolvido, e o restante. Mas também dois problemas que é: como liquidar ou recuperar as empresas estatais ineficientes e os desafios sociais.
As prováveis potências econômicas do mundo daqui a 50 anos são Índia, China, Brasil e Rússia.
A Rússia é um país subdesenvolvido, um enigma, imprevisível. Porque o planejamento se tornou ineficaz economicamente. A Rússia pode tanto tornar-se um dínamo econômico como vir a ser uma região assolada por rivalidades e políticas tribais, nacionais e individuais.
No Brasil ocorrem dois fenômenos: o desenvolvimento, que ainda está em processo, de um mercado nacional unificado e com administração de qualidade internacional nas empresas brasileiras.
Alunos brasileiros excepcionais são formados desde a década de 1950 nos EUA. Há 30 anos esses alunos iam trabalhar ou tentavam arranjar emprego nas filiais brasileiras das multinacionais. De dez anos para cá eles voltam para trabalhar em companhias familiares, agora cada vez mais bem administradas profissionalmente. E as empresas brasileiras estão começando a voltar-se para fora. O Brasil conseguiu desenvolver grupos de liderança executiva.
Drucker crê que a remuneração dos executivos é mesmo algo bastante complexo. O alto executivo pode ter participação acionária na empresa ou aumento de acordo com o faturamento, por isso não existe uma fórmula para remuneração.
Quando falamos em administrar é importante a empresa atender três mercados: seus bens e serviços, seus postos de trabalho e do seu dinheiro, dos capitais.
Um administrador fracassa se seu antecessor fracassar. As decisões administrativas importantes levam certo tempo até dar fruto.
Uma boa administração começa com: "O que precisa ser feito?".
Uma administração competente acontece quando há acordo entre os executivos e também não sobrecarregando seus subordinados.
Saber qual será o negócio é especialmente difícil, pois o mais importante deveria ser o desenvolvimento e treinamento de pessoas.

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